quinta-feira, 7 de junho de 2012

DA MINHA JANELA


Da minha janela
Da minha janela vejo tempo passar.
Vejo o dia raiar.
A semente brotar.
A flor nascer.
Da minha janela vi o machado posto à raiz e o gigante tombar.

Vi a chuva cair e saciar a sede da terra.
Vi o sol se pôr e a noite chegar.
Vi o milagre do pão.
Compartilhei com o irmão.

Vi a criança nascer e morrer.
Vi a mãe que chorava o filho que faltava.
As lágrimas que na face rolavam.
Mesmo em meio à dor, de esperança transbordava.
  
Da minha janela vi nascer e desfazer os sonhos
Frustrei meus planos.
Olhei, observei o tempo e vento.
Vento que soprava na minha janela.


Da minha janela, vi o amor chegar e partir.
Amei ,chorei ,sorri me iludi.
Sentir o coração pulsar todas as manhãs.
Sentir o sabor das romãs.
Senti o doce e o amargo da vida.
Sentir abrir e curar as feridas.

Recebi a graça e exercitei minha fé
Fé que me mantém de pé.
Que alimenta minha alma.
Que sacia minha sede
Que mata minha fome

Da minha janela ouvi o grito
Grito que rompeu o silencio
Que ecoa denunciando as injustiças sociais.
Da minha janela.
Por
Mírian Lula



SIMPLESMENTE MÍRIAN

SIMPLESMENTE MÍRIAN

ATIRE A PRIMEIRA FLOR

Atire a primeira flor


Quando tudo parecer caminhar errado, seja você a tentar o primeiro passo certo;

Se tudo parecer escuro, se nada puder ser visto, acenda você a primeira luz, traga para a treva, você primeiro, a pequena lâmpada;

Quando todos estiverem chorando, tente você o primeiro sorriso; talvez não na forma de lábios sorridentes, mas na de um coração que compreenda, de braços que confortem;

Se a vida inteira for um imenso não, não pare você na busca do primeiro sim, ao qual tudo de positivo deverá seguir-se;

Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um pouquinho, seja o primeiro a ensinar, começando por aprender você mesmo, corrigindo-se a si mesmo;

Quando alguém estiver angustiado à procura, consulte bem o que se passa, talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja; Daí, portanto, o seu deve ser o primeiro a aparecer, o primeiro a mostrar-se, primeiro que pode ser o único e, mais sério ainda, talvez o último;

Quando a terra estiver seca, que sua mão seja a primeira a regá-la; quando a flor se sufocar na urze e no espinho, que sua mão seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga, a afagar a pétala, a acariciar a flor;

Se a porta estiver fechada, de você venha a primeira chave;

Se o vento sopra frio, que o calor de sua lareira seja a primeira proteção e primeiro abrigo.

Se o pão for apenas massa e não estiver cozido, seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.

Não atire a primeira pedra em quem erra. De acusadores o mundo está cheio; nem, por outro lado, aplauda o erro; dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;

Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu ; sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido; seja você o primeiro para aquele que não tem ninguém;

Quando tudo for espinho, atire a primeira flor; seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta, compreendendo que o perdão regenera, que a compreensão edifica, que o auxílio possibilita, que o entendimento reconstrói.

Atire você, quando tudo for pedra, a primeira e decisiva flor.